imagem sem barulhos…

esta colagem foi feita para a defesa da apresentação de um poema que um amigo… ah, foda-se! ele me pediu e aí está…

Nota de falecimento:
É com muito pesar que, pela primeira vez neste blog, eu anuncio a morte de alguém.
Muitos não entendem que morte não é, necessariamente, algo ruim, e sim uma transição.
Que Deus vele por essa alma, pois eu já fiz o que podia (e o que não deveria!) e que esteja em um lugar melhor.

★ 1983
† 2009

reflexo…

– quem é você

– ãhn?

– quem é você?

– como assim: ‘quem é você’?

– assim: quem é você?

– você não sabe quem sou eu?

– eu deveria saber quem é você?

– deveria, não?

– por que eu deveria saber quem é você?

– você não me vê todos os dias?

– você não acha que se eu te visse todos os dias eu me lembraria?

– por que você está me perguntando isso?

– o simples fato d’eu nunca ter te visto e você aparecer na minha frente não quer te dizer nada?

– será que estou alucinando?

– por que você estaria em tal estado?

– estou escovando os dentes, frente ao espelho, meu reflexo vira pra mim e me pergunta quem sou, você não acha que já é um bom motivo pra pensar que estou entorpecido?

– apenas pelo simples fato de achar de o reflexo sou eu, não?

– ah, então, além de me desafiar ao perguntar ‘quem é você’, ainda quer tomar o meu lugar de ‘o original’, é isso, mesmo?

– como você é engraçado, não? o que te faz pensar que ‘o original’ é você?

– quem está segurando esta escova de dentes sou eu, o que você me diz?

– olhe pra minha mão, controverso, não?

– não está adiantando e você está me enrolado… então me diga, quem comeu a regininha ontem a noite?

– hahahaha… achas que foi você?

– que corpo, hein? que corpo…

cessaram a conversa, ficaram parados, olhando para o nada, contemplando a regininha… logo voltariam a escovar os dentes, sincronizados, mas não sem antes, ao mesmo tempo, suspirarem mais uma vez:

– que corpo…!

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